quinta-feira, 7 de junho de 2012

CORPUS CHRISTI (7 de junho)

Em muitos lugares do Brasil, hoje, multidões se aglomeram para celebrar a festa do Corpo e Sangue de Cristo. Essa celebração foi instituída na Igreja pelo decreto do papa Urbano IV, em 1264, no qual se afirma que a data deveria ser numa quinta-feira, 60 dias após a Páscoa cristã, de modo que fosse feita a memória da instituição da eucaristia por Jesus. Dessa forma, Corpus Christi tornou-se uma celebração de caráter devocional, uma vez que a verdadeira festa da instituição da eucaristia na Igreja é aquela da noite da Quinta-Feira Santa.

Na origem da festa de Corpus Christi está a religiosa agostiniana – e, mais tarde, santa – irmã Julian de Mont Cornillon. Conforme se difundiu na Europa, essa religiosa teve uma visão divina que exigia a inclusão de uma festa anual no calendário da Igreja para comemorar o sacramento da eucaristia. Tudo começou em 1230, na paróquia de Saint Martin, em Liège, Bélgica, onde se realizou uma procissão eucarística no interior da igreja. Dezessete anos mais tarde, ela foi para as ruas e tornou-se festa nacional na Bélgica. Em 1264, essa celebração do “triunfo eucarístico” ganhou expressão mundial, sendo celebrada nas ruas, como desejava o papa. O Concílio de Trento (1545-1563) – em resposta a Lutero, que negava a transubstanciação como modo de explicar a presença real de Cristo na eucaristia –, de certo modo, incentivou tais manifestações para fazer frente às ideias luteranas.

Até Trento, muitas discussões e polêmicas foram travadas em torno da compreensão da “presença real” de Cristo na eucaristia e do modo como esse sacramento era celebrado. Como é sabido, no início do cristianismo, uma das dimensões mais acentuadas da eucaristia era a ação de graças da comunidade, que se reunia para atender ao preceito do Senhor de celebrar a memória de sua morte e ressurreição.

Na Baixa Idade Média, o acento recai sobre o caráter milagroso, quase mágico, da “consagração” do pão e do vinho, desvinculado do conjunto da prece eucarística. Aqui, a dimensão de ceia pascal (comer e beber juntos) cede à de adoração: basta ver a hóstia consagrada e adorá-la! Vale recordar que, nessa época, a grande maioria dos fiéis já não comungava durante a missa. A propósito, o termo “comunhão espiritual” adveio dessa compreensão reducionista do mistério da eucaristia. Não foram poucos os fiéis que receberam a comunhão eucarística apenas como viático, ou seja, momentos antes da morte. Dessa feita, em compensação, expandiu-se rapidamente o costume de promover grandes celebrações devocionais de adoração ao Santíssimo Sacramento, incluindo solenes procissões.

Após o Concílio Vaticano II, sem renegar a dimensão sacrifical da eucaristia, a teologia recupera sua dimensão de ceia pascal, de memorial da paixão e morte de Cristo. Novamente, o acento recai sobre a importância dos fiéis reunidos, que, comungando do Corpo e Sangue de Cristo em cada celebração eucarística, buscam conformar a vida ao corpo eclesial de Cristo.

Não é à toa que na segunda epiclese da prece eucarística se pede que, comungando do Corpo e Sangue de Cristo, todos se tornem um só corpo. Em outras palavras: a comunidade celebra a eucaristia para cada vez mais se tornar autêntico corpo eclesial. Para que isso aconteça, é indispensável que os participantes da celebração comam do mesmo pão e bebam do mesmo cálice transubstanciados no Corpo e Sangue do Senhor e assim formem com ele um só corpo.

As leituras que ouvimos hoje nos oferecem os fundamentos bíblicos para a nossa fé na eucaristia como presença real de Cristo no pão e no vinho, alimentos da comunidade que deseja se tornar verdadeiro corpo eclesial. (Fonte paulus)

2 comentários:

  1. Oi Jonathan,

    boa matéria!
    Parabéns pelo seu Blog.

    Abraços Lílian Mara

    ResponderExcluir

Caso não dê conta de comentar com o seu email, você poderá comentar clicando na opção ANÔNIMO, só não pode esquecer de deixar o nome no final de seu comentário. Desde já, agradeço seu comentário e convido a voltar sempre.

Jonathan Cruz